Jorge Figueiredo, Pai do Gabriel Maximino, 7 anos

A confiança de ser capaz (e mais importante, de saber ser capaz) é um poderoso sentimento.

A jornada de capacitação que o meu filho Gabriel iniciou há cerca de 3 anos por indicação da Equipa Local de Intervenção (ELI) do trabalho desenvolvido pela ACIP e teve partida numa total dependência psicológica e afetiva do meu filho relativamente a um dos seus progenitores o que o condicionava também o seu desenvolvimento físico (embora sem qualquer incapacidade evidente). Muitas birras e choro persistente; o pessoal do Infantário que frequentava não o esquece pois não colaborava em qualquer atividade. Mais importante do que rótulos ou definições e explicações técnicas, a vida do meu filho resumia-se a uma palavra: Insegurança.

Começamos pela terapia de Integração Sensorial e pouco tempo depois já começou a sentar-se sozinho numa cadeira alta e não imaginam a minha alegria quando subiu para cima de uma mesa (que qualquer pai repreenderia). Mais pequenas coisas se somaram como vestir o casaco ou calçar meias sozinho….

O Gabriel não sabe… Gabriel, corrigia a psicóloga: Eu sei!

Sim, a intervenção de psicologia é essencial para o meu filho ter consciência de si próprio e lidar com as suas dificuldades desenvolvendo estratégias para as ultrapassar e saber comunicar com o Outro. Romper com a sentença de “funcionamento anormal em qualquer interacção social, linguagem usada na comunicação social ou jogo simbólico ou imaginativo” foi algo que percebi ser o foco da equipa da ACIP.

Tendo sido desenvolvidas as competências absolutamente necessárias, substituímos a Integração Sensorial pela Terapia Ocupacional, começando a desenvolver competências de motricidade fina o que permitiu o reforço da autoconfiança.

Importante foi a realização da Terapia Ocupacional e da Psicologia no contexto pré-escolar pela deslocação das técnicas ao Infantário e posso testemunhar que é um dos mais relevantes aspetos da atuação da ACIP e que permitiu ao meu filho uma evolução mais fácil e rápida.

Também não devo esquecer um aspeto muito importante do “know-how” da ACIP que é o apoio na parte burocrática, pois existe a necessidade de elaboração de relatórios que sustentam a inclusão do Gabriel em medidas de Educação Especial (tendo, inclusivamente, obtido o adiamento de entrada no 1º ciclo).

Outro aspeto a salientar, embora menos formal, é a partilha de experiências com os familiares de outros utentes da ACIP, pois os desafios que outros já enfrentaram poderão ser os nossos e vice versa. Esse espírito de comunidade é algo muito positivo, sem dúvida.

Este ano o Gabriel iniciou uma nova (e mais exigente) etapa da sua vida com a entrada no 1º Ciclo mas não temos dúvidas que o caminho que iniciámos é o correto e, tendo a ACIP como parceira, temos a confiança do sucesso de um menino que hoje consegue iniciar uma tarefa e obstinadamente a consegue concluir sem pensar em desistir.